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MOÇAMBIQUE

1 9 9 3 / 9 5- R e t r o s p e c t i v a

A Caminho da Reintegração

(Documento extraído de uma brochura publicada em 1996
pelo ACNUR Moçambique)


Sumário

Tornando o repatriamento durável
Trabalhando em Conjunto
Moçambique: Alguns dados sobre o País
Um olhar rápido sobre o ACNUR em Moçambique
Formas de Repatriamento
Reintegração
Celebrando um novo começo
Parceiros
O Futuro


Tornando o repatriamento durável

A fase de repatriamento da operação Moçambicana está agora terminada. O regresso voluntário de mais de 1,7 milhões de refugiados provenientes dos 6 países de asilo vizinhos é um dos indicadores mais tangíveis dos progressos alcançados no processo de paz em Moçambique. A implementação rápida e eficiente da fase de repatriamento, conjuntamente coordenada pelo ACNUR e Núcleo de Apoio aos Refugiados (NAR), nosso parceiro governamental, foi concluída um ano antes da data prevista. Este progresso foi o resultado de um excelente espírito de cooperação entre os vários governos, agências, parceiros, autoridades provinciais e distritais e organizações não governamentais que participaram nas tarefas de repatriamento. O seu nível de preparação operacional e empenho humanitário merecem o nosso reconhecimento. Todos estes esforços não teriam sido tão produtivos sem a determinação dos refugiados Moçambicanos, os quais decidiram regressar a tempo de oferecer um contributo importante para a reconstrução do seu país.

O trabalho não termina com a fase de repatriamento. O maior desafio consiste agora em tornar o repatriamento numa solução durável por meio do apoio à reintegração sustentável dos refugiados nas suas zonas de assentamento.

Com este objectivo em vista, o ACNUR e os seus parceiros têm estado activamente envolvidos no apoio aos esforços Moçambicanos no sentido de providenciar os bens essenciais nas áreas e comunidades consideradas prioritárias. Tal como a Alta Comissária referiu, nas sociedades devastadas pela guerra, os nossos esforços a nível da reintegração "só podem ser significativos se forem integrados num contexto mais vasto de reabilitação nacional, desenvolvimento social e económico e democratização". Foi com esta visão no nosso espírito que, em 1994, foi formulada em Moçambique uma Estratégia de Reintegração, de comum acordo com o Governo, principais doadores e agências das Nações Unidas, a fim de orientar as actividades do ACNUR até ao momento em que o programa seja concluído em meados de 1996.

A implementação das actividades de reintegração é efectuada por meio de Projectos com Impacto Rápido (QIPs), os quais consistem em projectos baseados na comunidade, dirigidos às necessidades imediatas e que promovem a participação dos beneficiários. Este relatório demonstra que até agora já foi atingido um progresso substancial. O ACNUR espera que este programa venha a contribuir de modo significativo para a redução do desequilíbrio actualmente existente entre as zonas urbanas e rurais no que respeita à capacidade de prestação de serviços básicos.

A sustentabilidade a mais longo prazo das actividades de reintegração transcende o mandato e a capacidade de qualquer agência por si só, exigindo que as nossas intervenções a curto prazo estejam ligadas a um apoio mais vasto aos esforços de desenvolvimento de Moçambique providenciado por diversos actores visando o desenvolvimento. Por estas razões, a Estratégia de Reintegração enfatiza estas "ligações" como um factor crucial para o sucesso a longo prazo do repatriamento voluntário no contexto das dificuldades específicas prevalecentes em Moçambique. O estabelecimento de "ligações" não é fácil, sendo um processo contínuo, o qual também requer o empenho continuado por parte da comunidade internacional, a qual até ao momento presente tem tão generosamente financiado, apoiado e acompanhado de perto a implementação deste programa.

A fim de consolidar os sucessos alcançados até agora, toda a importância da estreita colaboração entre as várias partes envolvidas: autoridades governamentais, agências das Nações Unidas, organizações bilaterais e não governamentais, nunca será demasiadamente enfatizada. Moçambique oferece actualmente uma oportunidade única de conseguir estabelecer com sucesso uma ligação entre emergência, reabilitação e desenvolvimento humano sustentável por meio de esforços concertados. O ACNUR está empenhado em desempenhar o papel que lhe compete, indo ao encontro deste desafio.

Alfredo del Rio Court
Representante do ACNUR em Moçambique



Trabalhando em conjunto

O Núcleo Nacional de Apoio aos Refugiados NAR, evoluiu a partir da organização conhecida por Núcleo Nacional de Apoio aos Refugiados e Movimentos de Libertação, criada em 1975. Tal como a designação anterior indicava, o seu papel estava mais virado para a prestação de apoio aos movimentos de libertação e refugiados individuais em Moçambique. No entanto, em consequência da progressiva instabilidade que reinou em todo o Moçambique durante os anos 80, numerosos Moçambicanos fugiram para países vizinhos em busca de asilo. Em 1987, o Governo de Moçambique outorgou ao NAR a responsabilidade de, juntamente com o ACNUR, velarem pela situação destas pessoas nos países de asilo. Esta tarefa foi efectuada em ligação com os governos dos países de asilo. Outra tarefa adicional foi a de criação dos mecanismos apropriados para o repatriamento e reintegração dos refugiados.

A fim de poder responder às exigências impostas por estas novas responsabilidades, o NAR, sempre em coordenação com o ACNUR, foi obrigado a expandir-se a fim de assegurar a sua presença em todos os distritos e províncias onde se aguardava a chegada de um grande número de retornados.

Agora que o exercício de repatriamento já terminou e toda a atenção está virada para a reintegração, a função do NAR é de reforçar as suas relações com as agências orientadas para o desenvolvimento, tais como o PNUD, União Europeia, organizações bilaterais, autoridades governamentais competentes e ONGs.

Isto poderá assegurar que todas as actividades de reintegração irão ser acompanhadas e mantidas, quando chegar a altura do NAR e do ACNUR cessarem as suas operações. As autoridades locais relevantes e os Ministérios de competência estão intimamente envolvidos neste processo, assim como a recém criada Comissão Nacional de Reintegração, que é o órgão responsável pela supervisão das actividades de reintegração, assegurando a sua continuidade e sustentabilidade a longo prazo e mantendo laços de trabalho com as organizações de desenvolvimento.

Após o encerramento da operação de reintegração, o NAR espera voltar a estar ocupado com as suas tarefas mais tradicionais de assistência a requerentes de asilo e refugiados em Moçambique. Não se prevê que para estes efeitos a presença do NAR seja necessária em todas as províncias, mas talvez unicamente numa ou duas províncias, onde poderemos estar representados, caso o número de refugiados o justificar.

Em nome do Governo de Moçambique desejo manifestar os meus mais sinceros agradecimentos à comunidade doadora internacional e também aos países de asilo pelo seu apoio durante a crise provocada pelo grande afluxo de refugiados, assim como durante os programas de repatriamento e reintegração.

O envolvimento activo de todas as partes interessadas tornou possível terminar na devida altura o repatriamento de 1,7 milhões de Moçambicanos regressando dos países de asilo vizinhos. Contamos que este apoio continue de modo a responder ao desafio da reintegração daqueles retornados que poderão regressar ao país de mãos vazias e que irão necessitar de assistência a fim de reconstruir as suas vidas.

Fernando Fazenda
Director do Núcleo de Apoio aos Refugiados
Moçambique



Moçambique: alguns dados sobre o país

Área: 779,380 quilómetros quadrados.
População: 15,5 milhões.
Sistema Político: Sistema multipartidário desde 1990, primeiras eleições gerais realizadas em 1994.
Línguas: O Português, a língua oficial, é falado por 25% da população. Mais de 13 línguas Africanas, incluindo Makua, Chuabo, Nyanja, Sena, Ronga e Shangana são faladas em Moçambique.
Religião: 40% de crenças tradicionais Africanas, 30% Muçulmana, 20% Católica e 5% Protestante.
Mortalidade Infantil: 140-173 por 1,000 nados vivos.*
Capital: Maputo; capitais provinciais: Matola, Xai-Xai, Inhambane, Beira, Chimoio, Quelimane, Tete, Nampula, Pemba e Lichinga.
Economia: A agricultura constitui a base da economia, sendo os principais produtos agrícolas o milho, mandioca, feijão, castanha de caju, coco e sorgo.
Moçambique tem vários recursos naturais incluindo o carvão, gás natural e um grande potencial pesqueiro, em especial camarões.
O turismo tem bastante viabilidade, com cerca de 2,400 quilómetros de costa marítima preservada
*UNICEF, dados de 1994.


Um olhar rápido sobre o ACNUR em Moçambique

Presença: Escritório principal em Maputo com sub-delegações em Chimoio, Quelimane e Tete. Presença no terreno em 20 localidades.
Pessoal: 50 funcionários internacionais, incluindo 15 voluntários das Nações Unidas (UNVs). 166 funcionários locais.
Programa: Repatriamento e Reintegração de 1,7 milhões de refugiados Moçambicanos vindos dos países de asilo vizinhos.
Pequeno programa de assistência a requerentes de asilo em meio urbano (250,000 dólares anuais).
Financiamento: Orçamento de 1994 para toda a operação: 79 milhões de dólares dos quais 51 milhões para programas dentro de Moçambique.
Total de contribuições em 1994: 73 milhões de dólares. Orçamento para Moçambique em 1995/96: 45,5 milhões de dólares.
Estatísticas: Outubro 1992 - Junho 1995: 1,728,002 retornados. Projectos com Impacto Rápido (QIPs): 524 em 1993/4, 670 em 1995.
Sementes & Utensílios de produção: 182,684 conjuntos de utensílios & 189,115 embalagens de sementes distribuídos em 1994.
Requerentes de Asilo: 295 durante 1994/5.

Formas de Repatriamento

O repatriamento de refugiados Moçambicanos a partir dos 6 países de asilo foi efectuado de duas formas diferentes: espontaneamente e de modo organizado. O regresso espontaneamente refere-se aos refugiados que regressaram pelos seus próprios meios aos seus locais de origem ou de preferência. Por outro lado, o regresso organizado, refere-se aos refugiados que receberam assistência em transporte por parte do ACNUR ou de um parceiro implementador.

A assistência prestada aos retornados não se limitou ao transporte a partir dos países de asilo até aos locais de origem. Os refugiados que abandonaram espontaneamente os países de asilo tiveram a possibilidade de obter transporte desde as zonas de trânsito em Moçambique até ao seu destino final. Este transporte foi providenciado pelo Núcleo de Apoio aos Refugiados (NAR), contraparte governamental do ACNUR, nas distâncias entre 20 e 50 quilómetros. A Organização Internacional para as Migrações (OIM), parceiro implementador, cobriu as distâncias superiores a 50 quilómetros.

De um modo geral, os retornados vieram ocupar as terras que lhes pertenciam antes de abandonarem o país; contudo, estes eram livres de se instalarem onde desejassem. As terras eram tradicionalmente atribuídas pelo régulo da zona ou pelos anciões da aldeia. Como forma de apoio à sua reinstalação em Moçambique, os retornados, quer tivessem regressado espontaneamente ou de forma organizada, beneficiavam de actividades de reintegração, do mesmo modo que outros grupos da população.

Os retornados eram registados ao chegarem ao seu local de destino. Onde estes chegavam de modo espontâneo, o registo tornava-se uma operação complicada, visto que, frequentemente, as áreas eram remotas, de acesso difícil, acolhendo também numerosos deslocados internos. O NAR estava encarregue do registo, empregando funcionários para este fim em todas as principais zonas de regresso.

Estes funcionários eram responsáveis pelo registo exacto de todas as novas chegadas e pela transmissão dos dados ao delegado distrital do NAR o qual, por sua vez, os transmitia à sede provincial do NAR.

A selecção dos distritos prioritários a fim de desenvolver as actividades de reintegração foi efectuada a partir do número de chegadas registadas. O registo também garantia aos próprios retornados a sua inclusão nos planos de distribuição de alimentos. Todos os retornados tinham direito a receber mensalmente uma ração de comida, que consistia em 13,5 quilos de milho, 1,8 de feijão e 0,6 litros de óleo, até ao momento da primeira colheita.

Ocorreram diversos problemas no processo de registo, os quais, nalguns casos, levaram à inflação do número de retornados. Estas dificuldades tiveram origem em movimentos secundários, problemas de acesso e movimentos espontâneos em grande escala. Por estes motivos, a partir do momento em que a população retornada se estabilizou, foram levados a cabo exercícios de verificação num determinado número de distritos chave.

Os Moçambicanos provenientes dos países de asilo vizinhos começaram a chegar logo a seguir à assinatura do Acordo de Paz em Outubro de 1992. Verificou-se um grande aumento no número de chegadas em 1993, quando se iniciou o repatriamento organizado dos países vizinhos. O ponto mais alto do movimento teve lugar em 1994, com o regresso de 804,376 pessoas na totalidade. Esperava-se continuar com o programa até 1996, mas, no entanto, os movimentos estavam concluídos em meados de 1995.


REGRESSO ESPONTÂNEO


Regresso para Angónia/Tsangano, Província de Tete


Regresso Espontâneo para as Províncias de Manica e Sofala


REGRESSO ORGANIZADO


A Operação de Mutarara


A Operação de Milange


Movimento Organizado para Niassa e Cabo Delgado


Repatriamento para as Províncias do Sul




Estradas

Os objectivos estabelecidos para 1995 no sector rodoviário dão especial relevo ao melhoramento das estradas, reparação e aumento das actividades de manutenção, a fim de conservar e continuar a abrir vias de acesso para as áreas de regresso. Os Projectos com Impacto Rápido (QIPs) no sector rodoviário visam principalmente permitir o aprovisionamento contínuo de comida nessas áreas e a construção de outras infraestruturas rurais básicas nos sectores da educação e abastecimento de água.

O programa do ACNUR cobre mais de 3,500 quilómetros de trabalhos rodoviários espalhados por todos os distritos prioritários, usando diferentes tipos de tecnologia na sua implementação, nomeadamente sistemas assistidos por maquinaria e mão de obra intensiva.

Todos os programas neste sector, tal como nos outros sectores, são implementados em estreita colaboração com o ministério e departamentos governamentais responsáveis, tanto a nível nacional como provincial. Uma agência paraestatal, ECMEP, continua a ser o principal parceiro implementador para a construção e manutenção de estradas, sendo a sua actuação considerada muito satisfatória.


Reintegração

ESTRATÉGIA DE REINTEGRAÇÃO


ACTIVIDADES DE REINTEGRAÇÃO

Saúde

    A Estratégia de Reintegração do ACNUR em Moçambique visa contribuir para a renovação dos serviços básicos de saúde nos distritos de regresso prioritários, no âmbito do Plano de Reconstrução Nacional. Após longos anos de destruição e de falta de manutenção mínima, praticamente todas as infra-estruturas de saúde estão precisando de renovação ou reconstrução. É de destacar a contribuição prestada pelo ACNUR para os esforços de reabilitação nesta área, em que, num total de cerca de 800 em todo o país, mais de 90 unidades de cuidados primários de saúde foram construídas ou renovadas com fundos doados pelo ACNUR.

    É preciso especialmente notar que os QIPs financiados pelo ACNUR são orientados para áreas periféricas, contribuindo nessa medida para a redução do desequilíbrio que existe actualmente entre áreas urbanas e rurais no que respeita à prestação de serviços. Calcula-se que cerca de 30% dos projectos de saúde cobrem antigas áreas da RENAMO. A fim de garantir a sustentabilidade dos projectos e cobrir os custos correntes, as actividades são coordenadas juntamente com os departamentos governamentais e outras agências relevantes no campo da assistência médica.

    O Programa de Reintegração tem de ser analisado dentro de um contexto de escassos recursos e de uma crescente procura de cuidados de saúde. Particularmente no que se refere aos retornados, a assistência médica prestada nos campos de refugiados era melhor do que aquela que é dispensada em muitas áreas de assentamento, esperando-se que o nível de qualidade venha a ser semelhante. O sector de saúde está em vias de descentralização mas a criação de capacidades a nível provincial exige tempo e apoio técnico.

Educação

    O programa do ACNUR tem como objectivo a promoção do acesso equitativo das crianças em idade escolar na escola primária, segundo os critérios e os currículos aprovados, por meio da reabilitação e reconstrução de unidades escolares. A fim de alcançar este objectivo, foi implementado um número razoável de QIPs na área da educação em várias zonas do país. Durante 1993 e 1994, o ACNUR financiou a construção ou reabilitação de mais de 415 salas de aula e de 87 casas para funcionários. Muitas escolas foram reabilitadas de modo a compreenderem um escritório para o professor, um armazém e, nalguns casos, dormitórios.

    A maioria das escolas concluídas estão funcionando bem, com pessoal lectivo suficiente. Muitas escolas atendem mais de que três localidades em redor e, nalguns casos, mais de dois ou três distritos. Estas escolas têm de funcionar com dois ou três turnos diários de modo a conseguir ir ao encontro das necessidades de educação. Dentro da pequena percentagem de instituições que não estão funcionando (4,7%), a sua maioria fica situada em zonas com problemas de dupla administração, estando, no entanto, sendo desenvolvidos esforços no sentido de resolver estas dificuldades. Professores retornados, que tinham sido contratados para trabalhar nos campos de refugiados no Malawi e no Zimbabwe, foram reintegrados no sistema e em breve estarão recebendo salários com a assistência do ACNUR. Este grupo está actualmente frequentando cursos de formação nos locais de trabalho a fim de conseguir atingir o nível exigido para o desempenho correcto das suas funções como professores de instrução primária.

    O ACNUR está, desta forma, contribuindo para a reabilitação da rede escolar e assistindo na reconstrução de Moçambique na era pós guerra.

Água

    A água é um dos sectores mais importantes do Programa de Reintegração do ACNUR. Tem como objectivo básico a provisão adequada de água potável às comunidades alvo, por meio da reabilitação e construção de poços, furos e sistemas de água. O ACNUR recebeu um apoio extensivo do Governo Suíço, o qual ofereceu 400,000 dólares para a compra de um equipamento para perfuração, e pôs à disposição do ACNUR três técnicos especializados no sector da água. Durante o período de 1993 e 1994, o ACNUR conseguiu terminar 179 QIPs, compreendendo 216 furos de água e 80 poços, para além de outros 38 pontos de abastecimento de água, construídos como componentes de micro-projectos nas áreas de saúde e educação financiados pelo ACNUR.

    Entre Janeiro de 1995 e Junho de 1996, o ACNUR conta abrir com sucesso mais do que 285 furos e construir ou reabilitar 175 poços. Este ambicioso programa no sector da água foi reforçado com a chegada, em Abril de 1995, do equipamento para perfuração doado pelo Governo Suíço e conta com o apoio de ONGs e agências do Governo, entre estas a Direcção Nacional das Águas (DNA) e o Programa Nacional de Água Rural (PRONAR), bem como a empresa paraestatal de perfurações, (GEOMOC). Estão também sendo promovidas ligações com o programa de abastecimento de água da UNICEF.

    Todos os furos e a maioria dos poços estão equipados com bombas de água mecânicas Afridev ou Volanta, de acordo com os critérios impostos pelo Governo. O aspecto mais complicado do programa de abastecimento de água levado a cabo pelo ACNUR tem a ver com a manutenção e reparação das bombas de água quando estas se avariam. A agência governamental responsável pela organização e treino dos membros da comunidade para efeitos de manutenção e reparação das bombas não tem sido capaz de responder às exigências impostas pelo extensivo programa no sector da água, o qual está sendo apoiado por diversas entidades doadoras. Entre os QIPs implementados durante 1993 e 1994 no sector da água, 91% estavam funcionando em Maio de 1995, estando os restantes 9% aguardando reparação ou tendo secado.

    As mulheres beneficiaram de um modo extraordinário com este programa, visto que a sua carga de trabalho diário fica aliviada por meio do estabelecimento de pontos de abastecimento de água em locais mais acessíveis. Por estas razões, o ACNUR insistiu na incorporação duma percentagem adequada de mulheres (pelo menos 50%) nas comissões para o sector da água que estão sendo organizadas para fins de manutenção e reparação das bombas.

Distribuição de QIPs por Sector e Província (l993/94)

PROVÍNCIA/SECTOR EDUCAÇÃO SAÚDE ESTRADAS ÁGUA OUTROS TOTAL
MAPUTO 25 19 - 32 - 76
GAZA 14 13 2 4 - 33
MANICA 36 25 13 40 15 129
SOFALA 14 6 - 2 6 28
TETE 56 24 15 76 1 172
ZAMBÉZIA 22 12 10 15 7 66
NIASSA - 2 6 10 - 18
CABO DELGADO - 2 - - - 2
TOTAL 167 103 46 179 29 524


Celebrando um Novo Começo



Parceiros

O repatriamento e reintegração dos refugiados Moçambicanos não teria sido possível sem a contribuição prestada por muitas entidades diferentes.

AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS


ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

1994-1996 ONG's Parceiras

PARCEIRO IMPLEMENTADOR PROVÍNCIAS
ADPP - Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo Niassa
AICF - Action Internationale Contre la Faim Sofala
ADMA - Associação dos Médicos para Ásia Gaza
ARC - Comissão Americana para os Refugiados Tete
CARE International Gaza, Inhambane, Manica
CARITAS Gaza, Maputo
CEAR/AMRU Maputo
CEMIRDE Maputo, Gaza
CCM - Conselho Cristão de Moçambique Maputo, Zambézia
Christian Outreach - Serviço de Refugiados e Crianças Niassa
Concern Niassa
CRIAA - Centro de Pesquisa, Informação, Acção para o Desenvolvimento em África Cabo Delgado
CVM - Cruz Vermelha de Moçambique Maputo, Gaza, Manica, Tete, Niassa, Zambézia
Conselho Norueguês para os Refugiados Zambézia
Handicap International Todas as províncias
IBIS Zambézia
IRC - Comissão Internacional de Salvação Niassa, Tete
ISCOS - Intituto Sindicale per la Cooperazione Allo Sviluppo Tete
JRS - Serviço Jesuíta para os Refugiados Tete
KULIMA Maputo
LWF - Federação Luterana Mundial Manica, Sofala, Tete
Marins Sans Frontières Gaza
Comissão Moçambicana para a Saúde Manica
MSF - Médecins Sans Frontières (Suíça) Maputo
MSF - Médecins Sans Frontières (França) Zambézia, Manica
MSF - Médecins Sans Frontières (Espanha) Maputo
MSF - Médecins Sans Frontières (Bélgica) Tete
NPA - Ajuda Norueguesa Para o Povo Tete
NRC - Conselho Norueguês para os Refugiados Tete
Oxfam - Reino Unido Niassa
Progetto Sviluppo Zambézia
RRR - Repatriamento, Reassentamento e Reabilitação Maputo, Gaza, Sofala, Niassa
SCF - Save the Children Fund (Reino Unido) Zambézia
SCF - Save the Children Federation (Estados Unidos) Gaza
SDR - Assistência Suíça aos Desastres Tete
Terre des Hommes Sofala
World Relief International (Assistência Mundial Internacional) Maputo, Zambézia, Gaza
World Vision International (Visão Mundial Internacional) Tete, Zambézia, Sofala
ZOA - Assistência Holandesa aos Refugiados Zambézia

OS DOADORES


AGÊNCIAS DAS NAÇÕES UNIDAS
E ORGANIZAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS




O Futuro

ESTABELECIMENTO DE LIGAÇÕES


REDUÇÃO DE ACTIVIDADES




"Em 1995, a palavra ESPERANÇA tem um nome Africano: Moçambique. Neste país, até muito recentemente devastado pela guerra civil, os objectivos do ACNUR tornaram-se uma realidade. Agora que as armas de guerra se calaram, espera-se que em finais de Junho, 1,7 milhões de refugiados tenham regressado voluntariamente ao seu país de origem.

Nós partilhamos a sua alegria. Nós também queremos dar-lhes a certeza de que estaremos ao seu lado para os ajudar a reconstruir as suas escolas e clínicas e escavar os seus poços. Moçambique é a prova concreta de que a esperança não é em vão, e que é possível encontrar soluções duráveis e efectivas para os problemas dos refugiados, quando a vontade - e os fundos - existem. Tenho esperança em que, no futuro, outros países venham a seguir o exemplo de Moçambique."

                    Sadako Ogata
                    Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
                    Dia do Refugiado Africano
                    ,
                    20 De Junho de 1995



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