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APELO PARA
O REPATRIAMENTO
E REINTEGRAÇÃO
DE REFUGIADOS ANGOLANOS

1995-1997

ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS
PARA OS REFUGIADOS

Serviço de Angariação de Fundos,
Junho de 1995



ÍNDICE


I. INTRODUÇÃO

Após 20 anos de guerra e de conflitos, as condições de paz e estabilidade agora existentes em Angola permitirão aos refugiados angolanos regressar finalmente aos seus lares. Estima-se que nos próximos três anos serão repatriadas 311.000 pessoas. Este Apelo abrange os fundos requeridos pela operação do ACNUR para repatriamento e reintegração planeada para um período de 30 meses, de Julho de 1995 a Dezembro de 1997.

ORÇAMENTO TOTAL
USD 44.066.295
DISTRIBUÍDO PELOS TRÊS ANOS:
1995
1996
1997
USD
USD
USD
7.160.366
28.308.710
8.597.219






II. ANTECEDENTES

Após décadas de lutas e destruição que originaram, desde 1961, um êxodo contínuo de refugiados angolanos, Angola está agora empenhada numa nova era de paz e reconstrução. Apoiando totalmente os esforços de paz e estabilidade, o ACNUR desenvolveu um Plano de Operações integrado e regional para repatriamento e reintegração dos que fugiram. O Plano é baseado numa estimativa de 310.000 refugiados angolanos que se espera regressem de países vizinhos e mais 1.000 de outros lugares, numa previsão total de 311.000 regressados.

A história recente do exílio angolano remonta ao início dos anos sessenta e à longa luta pela independência. Em 1974, uma nova coligação de Governo nacional, composta pelo Movimento Popular para Libertação de Angola (MPLA), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), chegou ao poder. Em 1976, quando esta coligação governamental fracassou, começou um longo período de guerra civil entre o Governo de Angola e a UNITA. Durante esses longos anos de guerra, centenas de milhares de angolanos fugiram das suas casas procurando refúgio do conflito. O país foi muito afectado com a guerra, em especial no que se refere aos danos causados nas infra-estruturas da comunidade, na maioria das áreas. Os danos em estradas, pontes, sistemas de água e saneamento, infra-estruturas de saúde e educação deixaram muitas áreas em ruína total.

Após 15 anos de guerra civil, o Governo de Angola e a UNITA assinaram, em 31 de Maio de 1991, os Acordos de Paz de Bicesse. O ACNUR, em conjunto com o Governo e outros parceiros envolvidos, prepararam um plano de repatriamento. Os refugiados angolanos, encorajados pelas declarações de paz, espontaneamente começaram a regressar. Para lhes prestar assistência, foram abertos centros de passagem em cinco províncias.

Aquando das eleições de Setembro de 1992, cerca de 112.000 refugiados tinham já regressado a casa. Este movimento voluntário foi interrompido pelo recomeço da guerra no seguimento da rejeição dos resultados das eleições pela UNITA. A maioria destes primeiros regressados tinham origem rural e reinstalaram-se em zonas afectadas pela guerra. De Outubro de 1992 até 1994, sempre que a situação o permitiu, o ACNUR continuou a prestar assistência de emergência aos regressados.

Em Novembro de 1994, a assinatura do Protocolo de Lusaca entre o Governo de Angola e a UNITA anunciou uma nova esperança de paz. O ACNUR começou a delinear um plano de acção para o retorno e reintegração de refugiados angolanos. Em Março de 1995, uma missão de campo preparatória foi para Angola para estabelecer o quadro das operações de repatriamento voluntário que foram discutidas com o Governo, a Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM), a Unidade de Coordenação e Assistência Humanitária (UCAH) e algumas ONG's.

A organização da operação de repatriamento e reintegração de refugiados angolanos baseia-se num plano para cerca de 311.000 regressados angolanos durante um período de 30 meses, de Junho de 1995 a Dezembro de 1997. Cerca de 310.000 são refugiados em países vizinhos; 15.000 encontram-se em países que não têm fronteira com Angola, dos quais pelo menos 1.000 devem pedir assistência para regressar a Angola. O transporte organizado está previsto para 83.000.

No início de Maio de 1995 o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos e o líder da UNITA, Jonas Savimbi, encontraram-se em Lusaca para discutirem o reforço do pacto de paz que tinham assinado em Novembro de 1994. Foi entendido que estas conversações promoveram um espírito de confiança mútua e reforçaram a determinação para implementação do Protocolo de Lusaca.

No planeamento do repatriamento angolano foi tida em conta a recente experiência da operação de repatriamento moçambicana. Acresce que os programas angolanos beneficiarão de muito equipamento pesado e de escritório, que será reafectado a partir da operação de repatriamento recentemente concluída nos países vizinhos de Moçambique.



III. OS REFUGIADOS ANGOLANOS

A maioria dos refugiados angolanos, cujo regresso se prevê, está nos países vizinhos - Congo (12.600), Namíbia (1.000), Zaire (200.000) e Zâmbia (96.000). Em cerca de 32 países mais distantes encontram-se 15.000, dos quais se prevê que 1.000 peçam assistência no repatriamento. A maioria dos refugiados que se prevê que regressem é de origem rural, muitos de aldeias em anteriores zonas de guerra, algumas das quais são de acesso muito difícil devido aos danos causados nas estradas e pontes. Muitos dos refugiados que desejam o repatriamento fugiram de Angola em 1961, no início da guerra pela independência, outros fugiram depois de 1976, com o colapso da coligação governamental tripartida criada após a independência e com o surgir da guerra civil.



IV. ENQUADRAMENTO LEGAL

Em 14 de Junho de 1995, foi assinado entre o Governo de Angola e o ACNUR um Memorando de Entendimento (ME) para o Repatriamento e Reintegração Voluntários de Refugiados angolanos. Entre outras disposições, o ME criou um Comité para Repatriamento através do qual o Governo Angolano e o ACNUR podem acordar as medidas necessárias à implementação do regresso ordeiro dos refugiados angolanos em condições de segurança e dignidade.

Os Acordos Tripartidos sobre o repatriamento voluntário de refugiados angolanos assinados em 1992 pelos Governos de Angola, Zâmbia e ACNUR, e por Angola, Zaire e ACNUR são ainda válidos. Acordos similares com a Namíbia e o Congo estão a ser concluídos.

O relatório do Secretário Geral ao Conselho de Segurança (S/1995/97), recomendando a continuação da Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III), foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Segurança, em 8 de Fevereiro de 1995. O estabelecimento da UNAVEM III aprovou a afectação de 7.000 soldados da paz das Nações Unidas. Os mecanismos para coordenação e cooperação entre o ACNUR e a UNAVEM foram delineados no relatório.

Os princípios de protecção básica, reguladores das operações de repatriamento, estão detalhados no Plano de Operações em anexo. As linhas orientadoras essenciais são a estrita observância do carácter voluntário do repatriamento e o maior envidamento de esforços para ajudar a assegurar o regresso em condições de segurança e dignidade.

Os refugiados angolanos a quem for providenciado transporte pelo ACNUR ficarão registados ao preencher os Formulários de Repatriamento Voluntário (FRV). Os FRV têm os seguintes fins: a) confirmação da natureza voluntária do repatriamento; b) documento de viagem; c) documento de identificação provisório; e d) dados necessários para o planeamento de programas organizados de regresso.

As equipas de registo serão treinadas para dar assistência prática e uma campanha de informação explicará aos refugiados, nos países vizinhos, a importância do processo de registo.



V. OPERAÇÕES/REPATRIAMENTO E REINTEGRAÇÃO

Com a promessa continuada de estabilidade em Angola, espera-se que um grande número de refugiados regresse espontaneamente em 1995, especialmente dos países vizinhos. Algumas movimentações espontâneas estão já a acontecer, de acordo com a informação de que 5.500 pessoas chegaram recentemente às províncias de Cabinda, Moxico, Uíge e Zaire. Com base na tendência actual, estima-se que 50.000 refugiados regressem espontaneamente em 1995.

Fase I

Fase II

Fase III



IMPORTANTE PARA TODAS AS FASES:

Alimentos

Cuidados de Saúde antes da Partida

Projectos de Impacto Rápido (PIR's)

VI. GRUPOS VULNERÁVEIS

Durante o processo de repatriamento e reintegração, será dada especial atenção a grupos vulneráveis, tais como, menores e idosos não acompanhados, deficientes físicos e mentais, pais sozinhos com crianças dependentes.



VII. SEGURANÇA FÍSICA DOS REFUGIADOS

FACE AO PERIGO DE MINAS

Na sequência de 20 anos de guerra civil, Angola está armadilhada com minas de todos os tipos. Algumas estimativas dão à volta de 10 milhões de minas espalhadas por todo o país. Com o fim de informar os refugiados, antes da sua partida, sobre o perigo potencial de minas, serão implementados nos campos de refugiados dos países vizinhos Programas de Prevenção de Minas.. Com estes programas pretende-se protegê-los de riscos físicos desnecessários.

O programa de auxílio das Nações Unidas para prevenção do perigo das minas está a ser coordenado pelo Serviço Central de Acção de Minas (SCAM) da UCAH em colaboração com a UNAVEM. A informação pertinente relativa à operação de repatriamento do ACNUR, tal como os pontos de entrada, itinerários utilizados no repatriamento, localização dos centros de recepção, foi tida em conta na formulação do plano de acção de minas para 1995.

Contudo, dado que o sucesso da implementação do Protocolo de Lusaca é essencial para a restauração de uma paz duradoura em Angola, , as áreas prioritárias de desactivação de minas até Novembro/Dezembro de 1995 serão as requeridas pela organização das forças de manutenção da paz e pelo aquartelamento das forças da UNITA.

Das três principais províncias de regresso (Moxico, Uíge, Zaire), apenas Uíge terá áreas de aquartelamento. E, portanto, beneficiará das actividades de desactivação de minas ligadas à operação da UNAVEM. A ONG, "Norwegian People's Aid" (NPA) conduzirá uma inventariação sobre minas, durante seis meses, nas províncias do norte e, só depois, começará a demarcação das áreas minadas e não minadas. Na província do Moxico, a ONG, "Grupo Consultivo de Minas" (GCM) iniciou missões de avaliação e compilação de informações úteis para a retirada das minas pelas autoridades locais em localidades onde os centros de recepção serão instalados.

Conjuntamente com a UNICEF e as ONG's, o ACNUR está a participar em campanhas de prevenção de minas e alargará a sua actividade com o fim de abranger todos os centros de recepção e áreas de maior afluxo de regressados. A dimensão do problema das minas é amplamente descrito no Apelo Unificado Interagências das Nações Unidas para Angola de 1995. Um pequeno sumário encontra-se no Plano de Operações junto.



VIII. COORDENAÇÃO INTERAGÊNCIAS

A estabilidade nacional e política de Angola dependerá em larga medida do sucesso da reintegração social dos regressados, das pessoas deslocadas internamente e dos soldados desmobilizados. Programas de assistência para estes grupos devem ser integrados e deverão ser desenvolvidos elos que permitam assegurar a transição serena de uma situação de auxílio para uma fase de desenvolvimento. Com esta preocupação, as actividades organizadas pelo ACNUR nesta área serão coerentes e complementares com os objectivos da Conferência sobre Reabilitação e Desenvolvimento Comunitário em Angola, prevista para Setembro de 1995.

Conforme delineado no Apelo Unificado Interagências das Nações Unidas para Angola de 1995 lançado pelo Departamento de Assistência Humanitária (DAH), em Março deste ano, as responsabilidades de cada agência estão claramente definidas. O ACNUR efectuará a coordenação com todos os parceiros no terreno a fim de evitar a duplicação e a sobreposição de esforços das várias agências. Em Agosto, o DAH emitirá uma actualização do Apelo Interagências, no qual o ACNUR será incluído como um dos seus elementos.




IX. FUNDOS REQUERIDOS

Os fundos para as operações do ACNUR não foram solicitados no Apelo Unificado Interagências das Nações Unidas para Angola de 1995 lançado no início deste ano. A Organização adiou o pedido para data posterior, quando estivessem reunidos os dados suficientes para preparar um plano de operações detalhado. No actual clima favorável de cooperação e compromisso para a implementação do Protocolo de Lusaca, o ACNUR completou um plano pormenorizado de repatriamento voluntário de mais de 311.000 refugiados angolanos. O programa de repatriamento e reintegração envolverá 30 meses de operações, de Julho de 1995 a Dezembro de 1997. As contribuições para 1995 são agora urgentemente necessárias (USD 7.160.966). Para continuar as operações em larga escala planeadas para 1996, serão necessários USD 28.308.710. A fase final em 1997, exigirá USD 8.597.219. O orçamento total para os 30 meses das Operações do ACNUR de Repatriamento e Reintegração de refugiados angolanos é de USD 44.066.295.

Durante este período de 30 meses, serão enviados periodicamente aos doadores relatórios de execução e financeiros. Até à sua conclusão em Dezembro de 1997, serão emitidas todos os anos actualizações do Apelo, incluindo as revisões orçamentais do projecto. À medida que o trabalho prossiga, os doadores serão regularmente informados sobre os a evolução das operações e sobre as inevitáveis correcções do plano e revisões orçamentais.

As contribuições são agora urgentemente requeridas para 1995 (USD 7.160.966). Para continuar a larga escala de operações para 1996 serão necessários USD 28.308.710. Em 1997, a fase final exigirá USD 8.597.219. O orçamento total da Operação do ACNUR de Repatriamento e Reintegração de Refugiados Angolanos é de USD 44.066.295.

Durante este período de 30 meses, serão expedidos periodicamente aos doadores relatórios evolutivos e financeiros. Até à sua conclusão em Dezembro de 1997, actualizações ao Apelo, incluindo revisões do projecto e orçamento serão emitidas todos os anos. À medida que o trabalho prossiga, os doadores serão regularmente informados dos desenvolvimentos operacionais e das inevitáveis correcções do plano e do orçamento.



Operação de Repatriamento/Reintegração

Necessidades Financeiras Anuais


OPERAÇÃO DE REPATRIAMENTO/REINTEGRAÇÃO EM ANGOLA

SUMÁRIO DO ORÇAMENTO (US DÓLARES) de JULHO de 1995 até DEZEMBRO de 1997


NOME DO SECTOR

ZAIRE

ZÂMBIA

OUTROS*

SUB-TOTAL

PAÍSES
DE
ACOLHI-
MENTO

ANGOLA


TOTAL

1995

1996

1995

1996

1995

1996

1995

1996

1997

ALIMENTAÇÃO - 65,885 - 9,497 - 6,600 81,982 - - - 81,982
TRANSPORTES/LOGÍSTICA - 2,800,000 27,333 753,120 - 1,410,800 4,991,253 1,979,729 6,182,477 1,875,483 15,028,942
NECESSIDADES DOMÉSTICAS - 30,000 - 20,000 - 30,700 80,700 437,500 1,960,000 250,000 2,728,200
ÁGUA - 30,000 - 9,560 - 10,000 49,560 40,500 640,000 250,000 980,060
HIGIENE/ SANIDADE - 15,000 7,115 14,629 - 3,500 40,244 27,600 79,800 63,000 210,644
SAÚDE/NUTRIÇÃO 65,000 67,000 40,634 38,637 - 6,500 217,771 234,400 4,224,502 2,176,628 6,853,301
ABRIGOS 10,000 36,000 10,000 50,000 - 7,000 113,000 431,200 362,200 33,600 940,000
SERVIÇOS COMUNITÁRIOS 4,000 10,000 2,843 8,805 - - 25,648 599,024 1,148,400 150,000 1,923,072
PRODUÇÃO AGRÍCOLA - - - - - - - 151,479 920,887 222,833 1,295,199
EDUCAÇÃO - 15,000 9,000 13,934 3,000 5,800 46,734 95,950 761,500 596,250 1,500,434
ACTIVIDADES - - - - - - - 25,000 150,000 312,000 487,000
ASSISTÊNCIA LEGAL 45,000 147,000 74,435 73,906 16,000 46,000 402,341 292,564 89,328 51,128 835,361
SUPORTE OPERACIONAL
ÀS AGÊNCIAS
11,400 321,688 32,660 43,800 2,000 209,000 620,548 311,170 531,097 282,197 1,745,012
SUPORTE DO PROGRAMA CUSTOS ADMINISTRATIVOS 150,000 690,000 251,083 586,514 496,722 993,444 3,167,763 1,276,025 2,679,200 2,334,100 9,457,088

TOTAL GERAL

285,400 4,227,573 455,103 1,622,402 517,722 2,729,344 9,837,544 5,902,141 19,729,891 8,597,219 44,066,295

* Inclui Namíbia, Congo e 1,000 refugiados angolanos por todo o Mundo.



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