Lei de Asilo
À espera do Governo UM PROJECTO do PCP para alterar a lei do direito de asilo, ontem exposto
no plenário da Assembleia da República, baixou à Comissão
de Direitos Liberdades e Garantias, à espera de uma proposta que
o Governo está a preparar no mesmo sentido e que - disse ao PÚBLICO
fonte do executivo - deve chegar às mãos dos deputados no
próximo mês de Março. O desejo de que as alterações
a introduzir sejam feitas por consenso levou a que não fosse ontem
votado o texto preparado pelos comunistas.
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Portugal com nova lei de asilo
A NOVA lei de asilo em Portugal é o tema de uma conferência internacional que vai realizar-se, em Coimbra a 30 de Maio, com a participação de Mário Soares. A conferência, uma realização conjunta da Universidade de Coimbra e da delegação em Portugal do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), foi ontem anunciada. Luise Drüke, representante do ACNUR, falava no final de uma reunião sobre a situação dos refugiados na Europa e em Portugal, que registou a presença de dezenas de peritos. No entanto, foi apresentado um volume com a tradução portuguesa do relatório do ACNUR sobre a situação dos refugiados no mundo. |
Mário Soares
Portugal tem muito futuro se houver bom senso Ex-PR manifesta-se contra posições pessimistas, aconselha mais investimento na CPLP e afasta temores sobre a Espanha ANA ISABEL CABO Mário Soares sublinhou, ontem, em Coimbra, por diversas vezes,
a necessidade de se rebater a ideia de que o nosso país é
pequeno, dependente e decepado com a queda do império, para sustentar,
de seguida, que os portugueses devem investir, fazendo-o especialmente
na América Latina e em África.
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DIREITO DE ASILO
Inevitável harmonização entre ordem jurídica portuguesa e europeia O secretário de Estado adjunto do ministro da Administração
Interna considerou ontem, a propósito do direito de asilo, ser inevitável
uma dinâmica de harmonização entre o sistema constitucional
português e a ordem jurídica europeia.
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Off. Não é Presidente da
República, mas não lhe faltam palcos para presidir. Quarta-feira,
28 de Maio, é convidado do Sindicato dos Jornalistas para as Conversas
em off, na Fundação Gulbenkian. 71 anos depois, em
ambiente fechado, com um ténue perfume a conspiração,
os jornalistas confrontam-se com o político que sempre esteve em
on (mesmo quando era incómodo, no mínimo) e continua
in. Sexta-feira, vai à Universidade de Coimbra falar sobre
o novo regime jurídico de asilo em Portugal, talvez para lembrar
situações por que passou no salazarismo.
No dia seguinte, Mário Soares dirige uma reunião de relançamento da secção portuguesa do Movimento Europeu no Centro Jean Monnet, em Lisboa. Uff! É difícil ser ex-presidente. |
REFUGIADOS
Lei do Asilo não é perfeita Mário Soares defendeu, num encontro em Coimbra,
que o projecto de diploma do Governo contém ainda imperfeições
que poderão ser corrigidas durante a discussão na Assembleia
da República
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Governo define prioridades António Costa enviou ontem uma carta a Almeida Santos com iniciativas que o Executivo quer agendar antes do debate do Orçamento de Estado MARIA JOÃO ROCHA
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares entregou ontem,
ao fim do dia, ao presidente da Assembleia da República uma carta
enumerando as prioridades do Governo para agendamentos na generalidade
antes do debate do Orçamento de Estado para 98.
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SECRETÁRIO DE ESTADO E MÁRIO SOARES NA CONFERÊNCIA DO ACNUR Regime de asilo não é perfeito O ex-Presidente da República Mário Soares considerou ontem
que a nova lei de asilo em Portugal "não é ainda perfeita",
sublinhando a necessidade de o país ter a consciência de que
os refugiados são "uma enorme riqueza".
O secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna, por seu turno, considerou ser inevitável uma "dinâmica de harmonização" entre o sistema constitucional português e a ordem jurídica europeia. "Neste domínio, como no da extradição, há uma dinâmica de harmonização que é incontornável", sublinhou Luís Amado, na sessão de abertura da conferência. Para o membro do Governo, essa harmonização do instituto do asilo deve pautar-se pelo "nível mais elevado dos princípios e valores que caracterizam a civilização europeia". Ao reportar-se à elaboração do novo regime jurídico-legal em matéria de asilo e de refugiados, Luís Amado caracterizou o processo como uma "experiência pioneira", pelas entidades nele envolvidas. "Tratou-se de um debate marcado por uma forte paixão política, que permitiu plasmar no instituto do asilo o núcleo essencial de valores e princípios jurídicos que caracterizam a União Europeia", adiantou. A proposta de Lei do Governo, a discutir na Assembleia da República, contempla algumas alterações em relação ao regime em vigor. As soluções apontam para a definição de uma nova matriz procedimental na determinação do estatuto do refugiado, a adequação dos prazos processuais aos princípios de celeridade, eficácia e justiça e uma "maior clarificação" das garantias minímas atribuídas aos requerentes de asilo. No campo das garantias, consagra-se um mecanismo de recurso das decisões negativas por via administrativa através de um regime de reapreciação do procedimento, com efeitos suspensivos, por parte de um órgão colegial - Comissariado Nacional para os Refugiados. A concessão de um apoio social efectivo aos requerentes de asilo foi outra questão em relevo na proposta. A proposta de Lei é analisada num documento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que lhe aponta vários aspectos positivos e defende uma discussão mais aprofundada de outros elementos. Ao apresentar uma comunicação subordinada ao tema "Para um novo conceito de refugiado" um docente da Faculdade de Economia de Coimbra defendeu o reforço da protecção a pessoas que se encontram fora do âmbito de aplicação dos instrumentos jurídicos tradicionais. Neste sentido, José Manuel Pureza preconizou a inclusão, doutrinal e institucional, das situações de deslocações forçadas de grandes massas humanas - quer derivadas de ameaças à paz, quer migrações económicas. O docente da FEUC defendeu também a necessidade de dar visibilidade à "cultura de direitos humanos como fundo em que se inscreve toda a abordagem jurídica do fenómeno das migrações e, sobretudo, das deslocações forçadas". A conferência foi uma organização conjunta da Universidade de Coimbra e da delegação em Portugal do ACNUR. |