"O capital investido na prevenção de conflitos é bem empregue. Em termos humanitários, financeiros e políticos, a prevenção de conflitos é bastante menos dispendiosa do que a manutenção da paz ou a reconstrução de sociedades após um conflito violento". Estas foram as palavras do Alto Comissário para as Minorias Nacionais, nomeado em Janeiro de 1993 pela OSCE.
A função primordial do Alto Comissário, o Sr. Max van der Stoel, é a de resolver ou reduzir tensões decorrentes de questões relacionadas com as minorias, antes que estas atinjam proporções de crise. Ao nomear o Alto Comissário, a OSCE não esperava impor soluções indesejadas aos Estados, mas promover um maior diálogo e cooperação entre os governos e as suas minorias. Assim quando as tensões surgem num dos Estados membros da organização, o Alto Comissário reúne-se pessoalmente com o governo, ao mais alto nível, e com representantes das minorias em questão.
Ao dar às diferentes partes uma oportunidade de expressarem as suas queixas e trocarem opiniões numa base confidencial, pode contribuir-se para minorar as tensões. Ao mesmo tempo, enquanto mediador neutro e não ameaçador, o Alto Comissário encontra-se bem colocado para oferecer sugestões práticas sobre os passos que poderão ser dados no sentido de prevenir o conflito e permitir que, tanto a comunidade maioritária, como as minorias se sintam mais seguras.
Desde a sua nomeação, os serviços do Alto Comissário tem sido constantemente solicitados. Após uma missão na Albânia, por exemplo, o Sr. van der Stoel recomendou que o governo estabelecesse uma representação especial para lidar com as questões das minorias e que abrisse um conjunto de escolas de ensino básico de língua grega. Na antiga República Jugoslava, recomendou que fosse realizado um censo e estabelecida um estrutura de formação de professores de língua albanesa. O Alto Comissário tem, também, aconselhado o governo da Estónia sobre a revisão da sua nova constituição, que estava a originar graves tensões entre o governo e a minoria russa, bem como com o governo russo.
Entre uma série de outras actividades, o Alto Comissário tem também preparado um relatório sobre os problemas sociais e económicos com que se confronta a população Roma (cigana) que constitui uma minoria importante, em vários países da Europa Central e de Leste, tendo um número significativo dos seus membros procurado asilo noutros países. Nestas e noutras situações, o Alto Comissário tem salientado que a protecção das minorias é do interesse dos governos e que sem essa protecção a paz, a estabilidade e o desenvolvimento estão sujeitos a revelar-se incertos.
Outro elemento do mandato do Alto Comissário é o de fornecer informação rigorosa sobre conflitos de minorias nos Estados membros da OSCE. Munidos desta informação, os governos encontram-se em melhor posição para determinar as acções que poderão tomar para prevenir que estes conflitos assumam uma forma violenta. Esta função de alerta antecipado é de particular importância, porque poucas minorias étnicas, religiosas ou linguísticas da Europa se encontram confinadas a um único Estado. Qualquer forma de violência pode, por isso, atravessar as fronteiras nacionais e arrastar outros governos, com o risco de se criarem conflitos regionais e movimentos de refugiados incontroláveis.
A nomeação de um Alto Comissário para as Minorias ilustra o princípio, hoje em dia largamente aceite, de que o tratamento que Estado dispensa aos seus cidadãos constitui um objecto legítimo da preocupação internacional, sobretudo quando esta acção pode ajudar a prevenir a violência, a guerra civil e a deslocação de populações. Ao mesmo tempo, o trabalho do Alto Comissário baseia-se na premissa de que os conflitos armados podem ser evitados e prevenidos através de uma acção oportuna. Tal como observou o Sr. van der Stoel, "quanto mais cedo se identificar um problema e se aplicar uma resposta adequada, mais provável será que ele seja solucionado de forma eficaz e pacífica".